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Controle Aduaneiro Satélite

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Resumo: I. Introdução ao Controle Aduaneiro por Satélite: I.1.- Definição. I.2.- Importância. II. Enquadramento Jurídico: II.1.- Tratados e Acordos Internacionais. II.2.- Satélites de domínio público e privado (Google, Starlink, etc.). III. Tecnologia utilizada: III.1.- Sistemas de posicionamento global (GPS). III.2.- Sistemas de comunicações via satélite. III.3.- Tecnologia de imagens de satélite. III.3.1.- Análise de imagens e Inteligência Artificial. 1. Utilização de sistemas integrados de controlo aduaneiro. V.- O Caso Argentino: V.2.- Situação dos Satélites Argentino. V.2.1.- INVAP. V.XNUMX.- Próximo lançamento do Satélite “SABIA–Mar” para o controle do Mar Argentino. VI.- Conclusões.

introdução

I.1.- Definição de controlo aduaneiro por satélite

Uma das mais recentes propostas tecnológicas para melhorar a eficiência dos serviços aduaneiros no cumprimento das suas funções é a controle alfandegário via satélite, uma tecnologia relativamente nova que se desenvolveu muito poderosamente nas últimas décadas. Embora imagens de satélite tenham sido usadas para monitorar o tráfego marítimo e a atividade portuária desde a década de 1970, o uso de satélites para controle alfandegário só se generalizou na década de 2000.

Nós podemos definir o controle alfandegário por satélite, como o processo de observação, análise, investigação, inspeção e supervisão da entrada, saída e circulação de mercadorias em uma determinada área espacial por meio do uso de tecnologia de satélite. Seus principais objetivos são detectar e prevenir atividades ilegais como tráfico de drogas, caça ilegal, importação e exportação de mercadorias proibidas ou não declaradas, sonegação fiscal, desvio de rotas autorizadas, entre muitas outras.

Para atingir estes objectivos, os sistemas de controlo aduaneiro por satélite utilizam uma variedade de ferramentas tecnológicas, como imagens de satélite, sistemas de posicionamento global (GPS), comunicações por satélite e outros sistemas de rastreio que permitem aos funcionários aduaneiros monitorizar o tráfego de veículos, navios e aviões, bem como detectar a presença de objetos e mercadorias suspeitas.

I.2.- Importância do controlo aduaneiro por satélite

O controlo aduaneiro por satélite é de grande importância para o exercício da soberania e para o reforço da segurança e protecção de um país, uma vez que permite o acesso a pontos fronteiriços de difícil acesso, bem como a extensas zonas onde é necessária a presença física permanente dos agentes de controlo. é impossível, como acontece em espaços marítimos adjacentes.

Os satélites podem detectar os movimentos de embarcações, aeronaves e caminhões suspeitos e monitorar suas atividades “em tempo real”. 

Informações de satélite podem ser usadas para analisar padrões de tráfego e comércio em áreas específicas. Isso pode ajudar os funcionários da alfândega – por meio do uso de inteligência artificial – a identificar anomalias nos padrões de atividade e tomar medidas para analisar e investigar a prática de possíveis atos ilícitos.

Sem dúvida, este método de controlo contribui para melhorar a eficiência dos serviços aduaneiros ao permitir a rápida deteção de atividades ilícitas, possibilitando uma atuação cirúrgica (precisa) com a consequente redução dos custos associados.

Como exemplo, podemos citar que, em 2022, a Agência Espanhola de Vigilância Aduaneira anunciou a assinatura de um acordo para a compra de imagens de radar de satélite para fortalecer o combate ao narcotráfico. O objetivo é detectar embarcações que ocultem sua posição ou transmitam uma localização falsa; O provedor é uma empresa privada que fornecerá este serviço por um ano em troca de 160.228 euros (Salvador, 2022).

Enquanto isso, nos Estados Unidos, a Alfândega e Proteção de Fronteiras e o Departamento de Segurança Interna lançaram vários sistemas avançados de satélite para monitorar as fronteiras do país. Esses novos sistemas incluem os Sistemas Infravermelhos Baseados no Espaço, conhecidos pela sigla SBIRS, e o Sistema de Vigilância de Área Ampla, conhecido como WAAS. 

O SBIRS é capaz de detectar pessoas cruzando fronteiras por meio de imagens infravermelhas e sons, enquanto o WAAS pode monitorar e mapear objetos em tempo real.

O uso dessa tecnologia de satélite para vigilância de fronteiras já teve um grande impacto na redução da imigração ilegal. Em 2019, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) disse que o uso da tecnologia de satélite foi fundamental para a capacidade da agência de identificar e impedir mais de 32.000 tentativas de imigração ilegal ao longo da fronteira sudoeste.

O monitoramento por satélite é atualmente usado pela alfândega da República da Coreia (Serviço de Alfândega da Coreia), pela Alfândega Australiana (Força de Fronteira Australiana), pela Alfândega Chinesa (Administração Geral de Alfândegas da China) e pela Agência Canadense de Serviços de Fronteira (CBSA). entre outros.

II. Quadro jurídico para o controlo aduaneiro por satélite

II.1.- Tratados e Acordos Internacionais 

Existem vários tratados internacionais que regulam o espaço aéreo e atividades relacionadas. Entre os mais relevantes podemos citar:

  • Convenção sobre Aviação Civil Internacional de 1944, também conhecido como o “Convenção de Chicago” É um tratado internacional que regula a aviação civil internacional. Assinado em Chicago em 7 de dezembro de 1944 por 52 países, entrou em vigor em 4 de abril de 1947. A Argentina aderiu ao acordo em 4 de junho de 1946.

A Convenção de Chicago estabelece uma série de regras e princípios para a regulamentação da aviação civil, incluindo a criação da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), uma agência da ONU encarregada de promover a segurança e o desenvolvimento da aviação civil internacional em todo o mundo. Estabeleceu também o princípio da liberdade do ar, que permite que aeronaves civis sobrevoem o território de outros Estados sem autorização prévia, e estabeleceu as regras para a navegação aérea internacional, a regulamentação dos serviços aéreos e a segurança da aviação. (Governo do México, 2023)

  • Tratado e Princípios das Nações Unidas sobre o Espaço Exterior, 1967 

Este instrumento trata do que corresponde ao espaço sideral, conhecido simplesmente como “Tratado Espacial”, foi assinado em 27 de janeiro de 1967, foi ratificado por mais de 100 países e continua sendo um dos principais instrumentos legais relacionados às atividades espaciais. A República Argentina aderiu em 18 de abril de 1967 e foi ratificada em 26 de março de 1969. (Minha Argentina, 2023)

O Tratado Espacial especifica os princípios que devem reger as atividades dos Estados na exploração e uso do espaço sideral, bem como em relação aos satélites que orbitam a Terra, a Lua e outros corpos celestes. (UNOOSA, 2023)

Estabelece que tais órgãos não podem ser objeto de apropriação nacional nem adquiridos por meios militares. Ela também prevê que a exploração e o uso do espaço sideral devem ser realizados em benefício e no interesse de todos os países e para fins pacíficos. 

  • Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil por Danos Causados ​​por Objetos Espaciais, 1972. Esta Convenção estabelece as regras sobre responsabilidade civil por danos causados ​​por objetos espaciais na Terra e no espaço. Foi assinado em 29 de março de 1972 e entrou em vigor em 1º de setembro de 1972. Foi ratificado por mais de 80 países e é considerado fundamental em questões de responsabilidade civil por atividades espaciais. (Nações Unidas, 2023). O Acordo foi assinado pela República Argentina em 29 de março de 1972 e aprovado pelo Congresso Nacional em 30 de julho de 07 por meio da Lei nº 86.

Estabelece que os Estados são responsáveis ​​pelos danos causados ​​em seu território ou no território de outros Estados por objetos espaciais de sua propriedade ou controlados por esses Estados. Também estabelece um sistema de notificações e consultas entre os estados afetados em caso de incidente e um sistema de compensação para vítimas de danos causados ​​por objetos espaciais. 

Quanto ao número de satélites em órbita e à altura que cada um ocupa, não há uma lei específica, mas há regulamentações governamentais que estabelecem limites e diretrizes para o uso do espaço sideral e da órbita baixa da Terra e a consequente colaboração entre agências. Por exemplo, a Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC) regula as frequências de rádio usadas por satélites e define diretrizes para evitar interferências entre satélites e operações terrestres. Agências espaciais e empresas privadas também tendem a seguir certos critérios ao definir alturas orbitais para garantir uma operação eficiente e segura e evitar colisões entre diferentes satélites. Além da Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC), outras organizações governamentais e internacionais também definem limites e diretrizes para a órbita dos satélites. Por exemplo, a Agência Espacial Europeia e a União Internacional de Telecomunicações (UIT) trabalham em estreita colaboração com a FCC para estabelecer diretrizes e regulamentações relacionadas ao uso do espaço e da órbita de satélites. 

Esses acordos e tratados são a base para regulamentações nacionais relacionadas ao controle alfandegário por satélite. 

Tratados e acordos internacionais relacionados ao controle aduaneiro via satélite 

Existem vários tratados e acordos internacionais relacionados ao controle aduaneiro via satélite, alguns dos mais relevantes são os seguintes:

  • Convenção Internacional sobre a Simplificação e Harmonização dos Regimes Aduaneiros (Convenção de Quioto Revista):Este tratado da Organização Mundial das Alfândegas (OMA) estabelece padrões internacionais para administração aduaneira e comércio internacional, incluindo o uso de tecnologias para supervisão e controle aduaneiro. O uso de sistemas de controle por satélite no comércio internacional está contemplado no Capítulo 7 da Convenção de Kyoto Revisada da Organização Mundial das Alfândegas (OMA), que se concentra no uso de tecnologias de informação e comunicação para melhorar a gestão aduaneira. Em particular, o Artigo 7.6 da Convenção afirma que os países membros devem considerar o uso de tecnologias de rastreamento e localização para melhorar a segurança e a eficiência na cadeia de suprimentos do comércio internacional e para garantir a conformidade com os regulamentos alfandegários. Além disso, o artigo 7.7 da Convenção menciona especificamente o uso de sistemas de rastreamento por satélite como uma das tecnologias que podem ser utilizadas para esse propósito, juntamente com outras como a identificação por radiofrequência (RFID), a comunicação eletrônica de dados e a tecnologia de entrada de dados. varredura intrusiva. (OMA, 2008)
  • Acordo de Facilitação do Comércio (TFA) da Organização Mundial do Comércio (OMC): Este instrumento estabelece padrões e melhores práticas para facilitação do comércio e gestão aduaneira. O TFA reconhece a importância da tecnologia da informação e comunicação para a facilitação do comércio e incentiva os países membros a adotar e usar sistemas eletrônicos e automatizados para agilizar e melhorar os procedimentos alfandegários e logísticos. Entretanto, não foram estabelecidas regras específicas quanto ao uso de sistemas de monitoramento por satélite no comércio internacional. (OMC, 2017)
  • Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS):Este tratado estabelece padrões internacionais para a segurança dos navios e a prevenção da poluição marinha, incluindo a obrigação dos navios de transmitir informações de identificação e localização às autoridades portuárias. (IMO, Organização Marítima Internacional, 1974)
  • Acordo de Schengen: Este acordo entre países europeus estabelece a livre circulação de pessoas entre os países membros, mas também define regras para cooperação no combate ao crime e segurança de fronteiras, incluindo o uso de tecnologias para controle e vigilância alfandegária. (Departamento de Segurança Nacional do Governo da Espanha, 2021)
  • Convenção Internacional para a Segurança de Navios e Instalações Portuárias (Código ISPS):Este tratado da Organização Marítima Internacional (OMI) estabelece padrões para a proteção de navios e instalações portuárias contra atos de terrorismo e outros atos ilegais, e incentiva o uso de tecnologias para monitoramento e controle alfandegário. (IMO, Organização Marítima Internacional, 2004)

II.2.- Satélites governamentais e privados e aplicações de organizações não governamentais sem fins lucrativos 

Com o avanço das tecnologias, seus custos foram reduzidos, o que permitiu que a exploração espacial e o uso do espaço deixassem de ser uso exclusivo dos poderes estatais tradicionais, permitindo que empresas privadas entrassem no mercado de serviços via satélite, havendo, portanto, hoje uma combinação de empresas privadas, governo e organizações de domínio público que exploram o uso de satélites para diversos propósitos. Alguns exemplos são mencionados abaixo:

Organizações governamentais:

  • NASA: A Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) é uma agência do governo dos Estados Unidos responsável pela pesquisa e exploração espacial. Suas atividades incluem o desenvolvimento e o lançamento de satélites para diversas aplicações científicas. https://www.nasa.gov/ 
  • AESA: A Agência Espacial Europeia (ESA) é uma organização intergovernamental dedicada à exploração do espaço e à promoção da pesquisa e tecnologia espacial na Europa. A ESA desenvolve e opera uma ampla gama de missões espaciais, incluindo o lançamento de satélites para diversas aplicações. https://www.esa.int/ 
  • JAXA: A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) é uma agência do governo japonês responsável pela pesquisa e desenvolvimento em tecnologia espacial. A JAXA desenvolve e lança satélites para uma variedade de aplicações científicas e tecnológicas. https://www.jaxa.jp/ 
  • Roscosmos: A Corporação Espacial Estatal Russa é uma organização estatal russa responsável por voos espaciais e cosmonáutica. Em 2015, o governo russo fundiu a Agência Espacial Federal com a United Rocket and Space Corporation, a indústria espacial russa renacionalizada, para criar a Corporação Espacial Estatal “Roscosmos”. https://www.roscosmos.ru/ 

Domínio privado:

  • Tecnologias Maxar: A Maxar foi fundada em 2017, com a fusão da DigitalGlobe e da MDA Holdings Company. Desde então, a empresa tem trabalhado para promover “acesso a todo o espectro de imagens, capacidades analíticas e experiência para promover a transparência global”. Em maio de 2019, a Maxar foi selecionada como fornecedora de elementos de energia e propulsão para o Lunar Gateway da NASA. No entanto, desde 2022, ele se tornou mais conhecido, graças à ajuda que deu à Ucrânia na guerra com a Rússia.

Em 1º de março de 2022, técnicos da Maxar alertaram a Ucrânia sobre a chegada de centenas de veículos militares russos em Kiev, assim, as tropas russas perderam o fator surpresa de sua movimentação, o que permitiu aos ucranianos preparar a defesa da cidade. De acordo com o site da empresa, a Maxar tem “a maior constelação de satélites comerciais de alta resolução do mundo”, embora nenhum número específico de satélites seja fornecido.  https://www.maxar.com/  

  • BlackSky Global: A BlackSky Global é uma subsidiária da Spaceflight, sediada em Seattle. Ela oferece imagens de satélite em tempo real e serviços de monitoramento global por meio de sua própria constelação de satélites. A empresa oferece dados geoespaciais de alta resolução usando tecnologias avançadas de inteligência artificial e fusão de dados de vários sensores. Por meio de sua plataforma, os usuários podem monitorar situações críticas em tempo real, como vigilância militar, planejamento urbano e monitoramento ambiental. Eles pretendem implantar uma frota de 60 microssatélites para fornecer imagens de alta resolução sob demanda de qualquer local do planeta em tempo quase real.
  • EspaçoX: A SpaceX é uma empresa americana fundada por Elon Musk dedicada ao design, fabricação e lançamento de foguetes e naves espaciais. A empresa lançou vários satélites para diversas aplicações, incluindo comunicações e observação da Terra. Starlink é um projeto da empresa americana SpaceX para fornecer serviços de internet de alta velocidade em todo o mundo por meio de uma constelação de satélites em órbita baixa da Terra. A ideia por trás do Starlink é criar uma rede global de satélites que possam fornecer conectividade de internet de alta velocidade e baixa latência para áreas onde a conectividade atual é limitada ou inexistente. A constelação de satélites da Starlink foi projetada para funcionar em conjunto com estações terrestres e uma rede de fibra óptica. Espera-se que esta constelação forneça serviços de internet de alta velocidade e baixa latência para lugares onde as conexões terrestres são lentas, caras ou simplesmente indisponíveis. A SpaceX lançou vários lotes de satélites Starlink desde 2019 e atualmente está no processo de construção e lançamento de muitos outros satélites para melhorar a cobertura e a capacidade da rede. O projeto gerou grandes expectativas por sua capacidade de revolucionar a conectividade ao redor do mundo, especialmente em áreas rurais e remotas. https://www.spacex.com/ 
  • Amazon: A Amazon é uma empresa americana de comércio eletrônico que entrou no negócio de satélites. A empresa desenvolveu o projeto Kuiper, uma constelação de satélites para fornecer serviços de internet de alta velocidade em áreas remotas. https://www.aboutamazon.com/news/tag/project-kuiper 
  • Uma Web: A OneWeb é uma empresa britânica que desenvolveu uma constelação de satélites para fornecer serviços de internet de alta velocidade em áreas remotas. A empresa lançou vários satélites e planeja lançar muitos mais nos próximos anos. https://oneweb.net/ 
  • Laboratórios Planetas: A Planet Labs é uma empresa privada americana fundada em 2010 que se dedica à captura e processamento de imagens de satélite da Terra em alta resolução e em tempo real. A empresa utiliza uma constelação de pequenos satélites, conhecidos como CubeSats, para capturar imagens da superfície da Terra, o que lhe permite oferecer serviços de monitoramento, análise e gestão de recursos naturais, agricultura, mudanças climáticas, segurança e defesa, entre outros.

A constelação de satélites da Planet Labs consiste em mais de 150 CubeSats em órbita baixa da Terra, o que lhe permite tirar imagens de alta resolução do mundo inteiro diariamente. A empresa também desenvolveu uma plataforma de gerenciamento e análise de dados chamada Planet Explorer, que permite que seus clientes acessem e analisem imagens de satélite em tempo real. https://www.planet.com/ 

  • Google: Em 2014, o Google adquiriu a Skybox Imaging, uma empresa que desenvolvia e operava satélites de observação da Terra. Desde então, o Google lançou vários satélites adicionais sob a égide de sua subsidiária Terra Bella (antiga Skybox Imaging). Os satélites do Google são usados ​​para uma variedade de aplicações, incluindo observação da Terra, mapeamento e coleta de dados para uso no Google Maps e outros serviços. Os satélites também têm sido usados ​​em projetos de ajuda humanitária, como monitoramento de desastres naturais e avaliação da situação em áreas de conflito.

Em 2017, o Google (Alphabet) vendeu sua subsidiária Terra Bella para a empresa americana Planet Labs. No entanto, ainda mantém interesse em desenvolver e usar tecnologia de satélite para seus serviços e projetos. https://www.zdnet.com/article/alphabet-to-sell-skybox-satellite-business-to-planet-labs-report/ 

Organizações não governamentais sem fins lucrativos:

Entre as iniciativas que se destacam ao nível das organizações não governamentais, destacam-se: QGIS É um Sistema de Informação Geográfica profissional, gratuito, de código aberto e fácil de usar que permite a criação, visualização, análise, edição e publicação de informações geoespaciais com base em uma infinidade de dados. 

Como o QGIS é colaborativo e de código aberto, ele fornece uma gama cada vez maior de recursos por meio de suas principais funções e plugins. Permite visualizar, gerenciar, editar e analisar dados, além de elaborar mapas imprimíveis, geolocalizando os dados de cada usuário, por meio de um conjunto de aplicativos para gerenciamento de dados espaciais.

Com o QGIS é possível monitorar mudanças na crosta terrestre, como calcular o grau de recuo das geleiras. Também é possível gerenciar e responder a emergências, pois fornece informações situacionais em tempo real; Com o QGIS, mapas de furacões e ciclones podem ser gerados mostrando os impactos potenciais sobre as pessoas e a infraestrutura, de acordo com os prováveis ​​caminhos de tempestades e marés, permitindo que as autoridades tomem medidas com antecedência.

Em geral, o QGIS permite identificar problemas que têm um componente geográfico, que vão desde a demanda por prescrições de medicamentos para revelar padrões geográficos de surtos e gravidade de doenças, até estabelecer prioridades de segurança pública com base em análise espacial, geolocalização de crimes, para criar padrões, e permitir que autoridades de segurança pública identifiquem áreas de risco e definam estratégias de prevenção. Da mesma forma, o poder da análise geoespacial permite que as organizações alfandegárias e de defesa identifiquem áreas de risco e ajudem as alfândegas e o pessoal militar a gerenciar, analisar e integrar dados geoespaciais em todas as áreas de responsabilidade, tomando melhores decisões táticas e sendo capazes de ficar por dentro das operações diárias por meio de dados reais. - monitoramento e rastreamento de tempo. 

III. Tecnologia utilizada no controle aduaneiro via satélite

O controle alfandegário por satélite pode utilizar diversas tecnologias e ferramentas para rastrear e monitorar o fluxo internacional de mercadorias. Algumas das tecnologias mais comuns usadas no controle alfandegário por satélite incluem:

  • Sistemas de posicionamento global (GPS).
  • Imagens de satélite.
  • Sistemas de comunicação via satélite.

III.1.- Sistemas de posicionamento global (GPS)

O Sistema de Posicionamento Global (GPS) é uma tecnologia de navegação por satélite que permite determinar a localização exata de um objeto ou pessoa em qualquer lugar do mundo.

Foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos na década de 1970 como um sistema de navegação por satélite para uso militar. O projeto foi iniciado pelo Departamento de Defesa em 1973, e o primeiro satélite foi lançado em 1978.

O GPS foi desenvolvido por uma equipe de cientistas e engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, trabalhando em colaboração com o Departamento de Defesa. O desenvolvimento do GPS ocorreu ao longo de vários anos, e o sistema completo foi colocado em operação em 1995.

Desde então, o GPS tornou-se uma ferramenta de navegação e localização amplamente utilizada em todo o mundo, não apenas em aplicações militares, mas também em aplicações civis, como navegação de veículos, navegação aérea e marítima, controle alfandegário por satélite, geolocalização de pessoas e objetos e muitos outros usos.

O GPS consiste em uma rede de satélites que orbitam a Terra e transmitem sinais de rádio para receptores na superfície. Esses receptores podem receber os sinais e calcular sua localização exata a partir das informações fornecidas pelos satélites.

O GPS é usado em uma variedade de aplicações, incluindo navegação de veículos e aeronaves, rastreamento de localização de pessoas e objetos e controle alfandegário baseado em satélite, entre outros.

No controle aduaneiro por satélite, o GPS é usado para rastrear o movimento de veículos e mercadorias em trânsito, e as informações fornecidas pelo GPS podem ser usadas para detectar possíveis desvios, irregularidades ou violações da lei.

Existem redes semelhantes ao Sistema de Posicionamento Global que também fornecem serviços de navegação e localização por satélite. Algumas dessas redes são:

  • Sistema Galileo: é uma rede de satélites de navegação por satélite desenvolvida pela União Europeia. Assim como o GPS, o sistema Galileo usa uma rede de satélites orbitando a Terra para fornecer informações de navegação e localização aos usuários.
  • Sistema GLONASS: é uma rede de satélites de navegação por satélite desenvolvida pela Rússia. Assim como o GPS e o Galileo, o GLONASS é conhecido por sua alta precisão, especialmente em regiões próximas ao Polo Norte, onde o GPS às vezes pode ter dificuldades.
  • Beidou: é uma rede de satélites de navegação desenvolvida pela China. Assim como o GPS, o sistema Beidou usa uma rede de satélites orbitando a Terra para fornecer informações de navegação e localização aos usuários.
  • MSAS, sistema japonês de navegação por satélite, limitado às zonas aéreas japonesas,

Essas redes são semelhantes ao GPS em termos de capacidade de fornecer navegação por satélite e informações de localização, mas cada uma tem suas próprias características e especificações técnicas exclusivas.

O melhor exemplo do uso desta tecnologia são os Selos Eletrônicos de Contêineres que foram desenvolvidos especificamente para o rastreamento via satélite de unidades de carga, e nos quais todos os parâmetros da rota a seguir são programados e colocados firmemente na porta traseira do contêiner; Uma vez ativado, o selo eletrônico informa, em tempo real, todos os eventos e alarmes que ocorrem durante a viagem, permitindo rastreabilidade e controle constante da unidade de carga até seu destino final (Na Alfândega Argentina, este sistema de Controle está implementado desde 2002 - Res. Gral. AFIP n.º 1331/02- e posteriormente fortalecida através da “Iniciativa de Segurança do Trânsito Aduaneiro” (ISTA), e do “Centro Único de Monitorização Aduaneira” (CUMA) ), com excelentes resultados).

A nível internacional, não podemos deixar de referir a iniciativa levada a cabo pelas principais indústrias de transporte de contentores que no final de 2018 criaram uma entidade sem fins lucrativos: a Digital Container Shipping Association (DCSA), com o objetivo de promover a normalização, digitalização e interoperabilidade no transporte de contêineres. Nesse sentido, está sendo feito um trabalho de harmonização de normas para viabilizar a ampla implementação de sistemas de rastreamento por satélite para essas unidades de carga. (DCSA, 2023)

O desenvolvimento e a evolução desta tecnologia serão profundamente impactados e impulsionados pela quinta geração de tecnologia sem fios (5G) que permitirá velocidades de ligação muito superiores (entre 100 e 250 vezes mais rápidas do que as redes 4G mais rápidas), com ligações até 20 gigabytes por segundo e latências de 1 milissegundo (o atraso entre o envio e o recebimento de informações), o que abre um novo ecossistema de tecnologias emergentes que nos permitirá operar em tempo real, sem atrasos ou latências perceptíveis.

III.2. Sistemas de comunicação via satélite

Os sistemas de comunicação via satélite usam satélites em órbita ao redor da Terra para transmitir e receber sinais de comunicação. Esses sistemas de comunicação via satélite são usados ​​por uma variedade de usuários, incluindo empresas, organizações governamentais, organizações sem fins lucrativos e consumidores individuais. Eles permitem a comunicação em tempo real em qualquer lugar do mundo, o que os torna especialmente úteis para situações de emergência, para comunicação em áreas remotas e para aplicações comerciais e governamentais que exigem comunicações seguras e confiáveis.

Alguns dos sistemas de comunicação via satélite mais utilizados são:

  • Sistema de Comunicações por Satélite Inmarsat: é um sistema global de comunicações por satélite que fornece serviços de comunicação de voz, dados e banda larga para usuários em todo o mundo.
  • Sistema Global de Comunicações Móveis por Satélite (GMPCS): é um sistema de comunicações móveis por satélite que permite a comunicação de qualquer lugar do mundo, mesmo em áreas remotas e rurais onde as redes terrestres não estão disponíveis.
  • Sistema de comunicações por satélite Thuraya: é um sistema de comunicações por satélite que fornece serviços de voz, dados e mensagens para usuários na Europa, Ásia, África e Austrália.
  • O Sistema de Comunicações por Satélite Iridium é um sistema global de comunicações por satélite que fornece serviços de voz e dados para usuários em todo o mundo, inclusive em áreas remotas e marítimas.
  • Sistema de Comunicações por Satélite Globalstar: é um sistema de comunicações por satélite que fornece serviços de voz e dados para usuários em todo o mundo, incluindo áreas remotas e rotas marítimas.

III.3.- Tecnologia de imagens por satélite

A tecnologia de imagens de satélite é uma técnica que permite que imagens e dados da superfície da Terra sejam capturados por satélites em órbita ao redor da Terra. Essa tecnologia avançou muito nos últimos anos e hoje os satélites podem capturar imagens de alta resolução e dados precisos em “tempo real”. 

Os satélites de observação da Terra são equipados com câmeras e sensores que podem capturar imagens da superfície da Terra em diferentes comprimentos de onda. Isso permite que cientistas e analistas de dados obtenham insights sobre características específicas do terreno. As regulamentações federais dos EUA limitam as imagens capturadas por satélites comerciais a uma resolução de 25 centímetros, ou aproximadamente o comprimento de um sapato masculino, mas os satélites espiões militares podem capturar imagens muito mais detalhadas.

E assim como as imagens de satélite oferecem maior resolução, a possibilidade de capturar imagens com mais frequência também está aumentando. De acordo com publicações da MIT Technology Review, em 2008, havia apenas 150 satélites de observação da Terra em órbita; Agora o número chegou a 768. Esse número de satélites permite que imagens de uma área sejam tiradas várias vezes ao dia. Por exemplo, o Planet Labs já tem mais de 140 satélites, com os quais poderia tirar imagens de todos os lugares da Terra uma vez por dia. Por outro lado, há a empresa Maxar, que está construindo uma constelação de satélites, WorldView, GeoEye e DigitalGlobe, que serão capazes de capturar todos os lugares do mundo cerca de 15 vezes por dia. Ainda mais impressionante é a proposta da BlackSky Global, que promete capturar imagens da maioria das principais cidades do mundo até 70 vezes por dia com sua frota de satélites. (Viga, 2019)

Além de câmeras, os satélites também podem ser equipados com outros sensores, como radares, que podem penetrar através da cobertura de nuvens e da escuridão para fornecer imagens e dados de alta resolução da superfície da Terra. Dados coletados por satélites podem ser processados ​​e analisados ​​para gerar insights valiosos para uma ampla gama de aplicações, incluindo agricultura, topografia, segurança, planejamento urbano, gerenciamento de desastres, monitoramento ambiental e muito mais.

A tecnologia de imagens de satélite é amplamente utilizada em muitos setores, como agricultura de precisão, exploração de recursos naturais, gestão de infraestrutura, planejamento urbano, segurança e defesa, entre outros. Dados coletados por satélites também são usados ​​para pesquisas científicas e estudos ambientais.

Em referência ao controle aduaneiro, a tecnologia de imagens de satélite, como já mencionamos, é uma ferramenta muito valiosa. Os satélites de observação da Terra podem fornecer imagens de alta resolução e dados precisos em tempo real para ajudar as autoridades de segurança a detectar e monitorar atividades nas fronteiras e outras áreas críticas.

Por exemplo, imagens de satélite são usadas para monitorar o tráfego em estradas e pontos de entrada e saída em portos e aeroportos. Os satélites também podem detectar mudanças na vegetação e no terreno, a construção de pistas de pouso clandestinas, o que pode indicar atividade humana ou tráfico e contrabando de drogas.

Além de imagens visuais, os satélites também podem coletar dados infravermelhos e de radar que podem ser usados ​​para detectar objetos e atividades que, de outra forma, seriam invisíveis aos sistemas de vigilância convencionais.

A tecnologia de imagens de satélite também é usada para monitorar pesca ilegal, desmatamento e outras atividades ilícitas que podem ter um impacto negativo nas economias regionais, no meio ambiente e na segurança nacional.

Dados coletados por satélites podem ser processados ​​e analisados ​​usando técnicas de inteligência artificial para detectar padrões e anomalias que podem indicar atividades suspeitas. Isso pode ajudar as autoridades de segurança a tomar medidas preventivas e manter a segurança e a ordem nas fronteiras. (Unidade de Pesquisa da OMA, 2019)

III.3.1.- Análise de Imagens de Satélite e Inteligência Artificial

A análise de imagens de satélite é o processo de interpretação de imagens capturadas por satélites e obtenção de informações úteis delas. Dados coletados por satélites podem ser analisados ​​de muitas maneiras para obter informações sobre a Terra e as atividades humanas.

A análise de imagens de satélite envolve uma série de etapas e técnicas, que podem variar dependendo do objetivo da análise e das ferramentas utilizadas. 

Entre as etapas e técnicas mais comumente utilizadas na análise de imagens de satélite estão:

  1. Aquisição de dados: esta etapa envolve a obtenção de imagens brutas de satélite, que podem ser baixadas de vários recursos de dados, como Google Earth Engine Global, NASA Earth Observations, ou adquiridas por meio de plataformas comerciais de imagens de satélite, como BlackSky e Maxar Technologies.
  2. Pré-processamento de dados: esta etapa inclui a correção de erros como distorção geométrica e radiométrica na imagem, remoção de nuvens e sombras, além de remoção de ruído e outras inconsistências. Ajustes de cor e brilho também podem ser feitos.
  3. Análise de aprimoramento de imagem: Várias técnicas de aprimoramento são usadas para melhorar a qualidade visual ou as informações da imagem para facilitar a interpretação visual, como aprimoramento de contraste, aprimoramento de bordas, correção de atmosfera, categorização de cores e outros.
  4. Segmentação de imagem: esta etapa envolve a partição da imagem em regiões distintas com características homogêneas. A segmentação é usada para facilitar a análise de objetos específicos na imagem e sua classificação.
  5. Classificação de imagens: esta etapa envolve a atribuição de categorias às regiões segmentadas, com base em seu conteúdo espectral e outros atributos. Por exemplo, as áreas podem ser classificadas como vegetação, urbana, aquática, solo descoberto, etc.
  6. Análise e validação dos resultados: Depois que os dados foram pré-processados, segmentados e classificados, outras técnicas de análise podem ser executadas para obter informações derivadas, como detecção de mudanças, avaliação de tendências ou identificação de padrões e anomalias. É importante validar os resultados da análise para garantir sua precisão. (Análise de dados EOS, 2020)

A inteligência artificial (IA) está sendo cada vez mais usada para análise de imagens de satélite. A capacidade da IA ​​de processar grandes quantidades de dados de imagem e aprender com padrões nos dados pode melhorar significativamente a precisão e a eficiência da análise de imagens de satélite.

No geral, a IA pode melhorar significativamente a precisão e a eficiência da análise de imagens de satélite ao detectar mudanças no solo que, de outra forma, passariam despercebidas pelo olho humano.

Existem várias abordagens de IA usadas na análise de imagens de satélite, incluindo:

  • Aprendizado supervisionado: usado para treinar um modelo de IA para identificar características específicas em imagens, como áreas urbanas, corpos d'água ou vegetação. O modelo é treinado com um conjunto de dados rotulados contendo exemplos dos recursos a serem identificados.
  • Aprendizado não supervisionado: usado para identificar padrões e características em imagens sem a necessidade de dados rotulados. O modelo de IA analisa os dados da imagem e procura semelhanças e diferenças nos padrões.
  • Redes Neurais Convolucionais (CNN): Uma técnica de aprendizado profundo usada para analisar imagens em camadas. As camadas iniciais identificam características simples, como linhas e bordas, enquanto as camadas posteriores identificam características mais complexas.
  • Detecção de objetos: usada para identificar objetos específicos em imagens, como edifícios, veículos ou pessoas. O modelo de IA é treinado para reconhecer características específicas dos objetos a serem detectados. (Rede Global de Jornalismo Investigativo, 2022)

IV.- Utilização de sistemas integrados de controlo aduaneiro

O uso de sistemas tecnológicos integrados é essencial para um controle aduaneiro eficiente e eficaz. Esses sistemas permitem a integração e coordenação de diversas tecnologias, como tecnologia de imagens de satélite, sistemas de comunicação via satélite, sistemas de posicionamento global (GPS), tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID), entre outros, para melhorar a precisão e a eficácia do controle aduaneiro.

Um exemplo de sistema de tecnologia integrada é o sistema usado no Porto de Roterdã, na Holanda, que combina tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID), sistemas de posicionamento global (GPS) e sistemas de câmeras para monitorar o tráfego de navios, contêineres e cargas. Este sistema permite o gerenciamento e a coordenação eficazes da logística portuária e a detecção precoce de potenciais ameaças. (Estratégias CT, 2023)

Outro exemplo muito representativo é o denominado “Projeto CONTAINER 42”, um contentor de última geração equipado com sensores que lhe permitem recolher informações sobre vibrações, tom, posição, ruído, poluição atmosférica, humidade e temperatura que são ao seu redor. Este contentor “inteligente” partiu do Porto de Roterdão a 26 de maio de 2019, para uma viagem de investigação de dois anos, na qual recolheu informações valiosas ao longo da sua viagem pelos principais portos do mundo, enviando os dados via satélite para a nuvem para a sua coleta e análise para melhores operações portuárias. O contêiner foi construído no Porto de Roterdã em colaboração com IBM, Cisco, Esri, Axians, Intel, HyET Solar e DR Group. (SOMOS 42, 2023)

Concluindo, a utilização de sistemas tecnológicos integrados é essencial para um controle aduaneiro eficaz em diferentes áreas, como fronteiras, portos e aeroportos. Esses sistemas permitem a integração de diversas tecnologias para melhorar a precisão e a eficácia do controle aduaneiro e a detecção precoce de potenciais ameaças.

4. O caso argentino: 

IV.1.- Situação dos Satélites Argentino.

A Argentina tem vários sistemas de controle de satélite em operação. Um dos principais é o Centro de Controle de Missão (CCM) da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE), responsável por controlar e operar os satélites argentinos e de outros países que têm acordos de cooperação com a Argentina. O CCM está localizado na cidade de Córdoba e conta com uma infraestrutura de última geração para recepção, processamento e distribuição de dados de satélite.

Além disso, a CONAE também conta com a estação terrestre de Balcarce, localizada na província de Buenos Aires, que é utilizada para receber e processar dados de satélites de observação da Terra e comunicações.

Outro importante sistema de controle de satélite na Argentina é o Complexo Industrial de Comunicações por Satélite (CICOM), localizado na província de Mendoza. Este centro é operado pela empresa estatal AR-SAT e é responsável pelo controle e operação dos satélites de comunicação argentinos.

No geral, a Argentina tem uma presença significativa na indústria de satélites e conta com uma infraestrutura sólida e pessoal altamente treinado em sistemas de controle de satélites.

A Argentina tem vários satélites em órbita e outros em fase de desenvolvimento. Os satélites em órbita incluem:

  • SAC-D/Aquarius: um satélite científico de observação da Terra, lançado em 2011 em colaboração com a NASA.
  • ARSAT 1, 2 e 3: três satélites de comunicação, lançados em 2014, 2015 e 2019, respectivamente.
  • SAOCOM 1A e 1B: dois satélites de observação da Terra da série SAOCOM, lançados em 2018 e 2020, respectivamente.
  • ÑuSat 1 e 2: dois microssatélites de observação da Terra, lançados em 2016.
  • Manolito: um nanossatélite experimental, lançado em 2019.

Além disso, a Argentina tem vários projetos de satélite em desenvolvimento, incluindo:

  • SAOCOM-CS: um satélite da série SAOCOM com capacidade de radar para observar a superfície da Terra e detectar desastres naturais.
  • Tronador II: um foguete de fabricação nacional que será usado para lançar satélites.
  • SABIA-Mar: um satélite de observação da Terra com aplicações marítimas, desenvolvido em colaboração com o Brasil.

Esses satélites em órbita e os projetos em desenvolvimento refletem o desenvolvimento significativo da indústria espacial na região. (CONAE, 2023)

IV.2.- INVAP

A INVAP é uma empresa argentina dedicada ao desenvolvimento e fabricação de tecnologias de alto nível, incluindo sistemas de satélite, equipamentos médicos, sistemas de controle nuclear, entre outros. A empresa foi fundada em 1976 e está sediada na cidade de San Carlos de Bariloche, na província de Río Negro.

Na área de satélites, a INVAP desenvolveu satélites de observação da Terra, satélites de telecomunicações e satélites científicos. Além disso, a empresa participou de projetos internacionais, como o desenvolvimento de satélites para a Agência Espacial Europeia.

Na área médica, a INVAP desenvolveu equipamentos médicos de alta tecnologia, como sistemas de radioterapia e equipamentos de diagnóstico por imagem, que são usados ​​em hospitais e clínicas ao redor do mundo.

Na área de controle nuclear, a INVAP desenvolveu sistemas de controle e segurança para usinas nucleares e participou da construção de reatores nucleares em diferentes países. (INVAP, 2023)

IV.3.- Próximo lançamento do Satélite SABIA – Mar para o controle do Mar Argentino.

O satélite SABIA-Mar é um projeto conjunto entre a Comissão Nacional de Atividades Espaciais (CONAE) da Argentina e a Agência Espacial Brasileira (AEB) para desenvolver um satélite de observação da Terra com aplicações marítimas. A sigla “SABIA-Mar” significa “Sistema Argentino-Brasileiro de Informação Ambiental para Gestão Marinha”.

O objetivo do satélite SABIA-Mar é melhorar a capacidade da Argentina e do Brasil de monitorar e gerenciar recursos marinhos, incluindo pesca, aquicultura, navegação e exploração de hidrocarbonetos. O satélite levará instrumentos de última geração para sensoriamento remoto dos oceanos, incluindo um radar de abertura sintética (SAR) e um radiômetro de micro-ondas.

Dada a ameaça permanente das frotas estrangeiras que pescam no limite da zona económica exclusiva argentina, os numerosos casos detectados de entrada furtiva no espaço soberano nacional (após a desconexão do sistema de geolocalização obrigatório), a enorme extensão da fronteira marítima e escassez de recursos materiais (frota marítima suficiente para permitir uma presença permanente), o controle por satélite se apresenta como uma alternativa ótima de controle. 

O projeto SABIA-Mar começou em 2009. O satélite está atualmente em construção na Argentina, com a participação de instituições públicas e empresas do sistema científico e técnico, entre outras: INVAP, VENG, Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA). ) , a Universidade de La Plata (UNLP), o IMER e a Ascentio. O SABIA-Mar está programado para ser lançado em órbita em 2024 por um foguete da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa. (OSCAR, 2022)

V.- Conclusões 

Sem dúvida, o controle aduaneiro via satélite veio para ficar. É uma ferramenta tecnológica que permite o monitoramento ideal das fronteiras e da movimentação de mercadorias, principalmente para aqueles países com grandes extensões territoriais e pontos de difícil acesso ou vulneráveis.

A implementação dessas tecnologias exige um investimento significativo em infraestrutura. Nesse sentido, países com desenvolvimento avançado nesse setor têm uma vantagem competitiva notável. Argentina e Brasil são exemplos proeminentes na América Latina, com 39 e 17 satélites em órbita, respectivamente. Esses números contrastam com o total global de 6.718 satélites em órbita, onde os Estados Unidos e a China lideram com 4.529 e 590 satélites, respectivamente (UCS Satellite Database, 2023).

Além disso, é fundamental considerar o investimento na formação de recursos humanos, uma vez que estamos perante um campo altamente especializado e técnico que exige um elevado nível de conhecimento e competências em áreas como a eletrónica, a informática, a inteligência artificial, as telecomunicações, análise de imagens e engenharia aeroespacial.

É crucial estabelecer estruturas regulatórias claras que protejam a privacidade e os direitos dos indivíduos, ao mesmo tempo em que permitem que as autoridades alfandegárias e outras agências policiais relevantes aproveitem ao máximo essas ferramentas.

Visão estratégica e prospectiva é essencial neste contexto. Estamos diante de uma tecnologia em constante desenvolvimento e em processo de consolidação. A colaboração entre diversas áreas e agências governamentais, o setor privado e a academia é crucial.

É compreensível que a adoção de novas tecnologias possa apresentar desafios, resistências e exigir mudanças significativas na forma como algumas áreas de controle operam. No entanto, é importante lembrar que vivemos em uma era de rápido e constante avanço tecnológico. Adaptar-se a essas mudanças não é apenas uma opção, mas uma necessidade para permanecer competitivo e relevante no cenário do comércio internacional.


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O autor é Membro (Juiz) do Tribunal Tributário Nacional. Professor Universitário. Especializada em Docência no Ensino Superior (UCC). Professor na Universidade Nacional de Córdoba (UNC), na Universidade Blas Pascal (UBP), na Universidade Austral e na Universidade de Rosário (Colômbia). Professor e membro do Comitê Acadêmico da Especialização em Direito Aduaneiro da Universidade Nacional de La Plata (UNLP). Membro do Grupo de Redação do Código Aduaneiro do MERCOSUL. Autor do livro: "A Organização Mundial das Alfândegas. Passado, presente e futuro." Editora Tirant Lo Blanch, Valência, Espanha. Ano 2021 - E-mail: [email protegido]

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