InícioComércioArgentina pede para não misturar questões ambientais e comerciais na ratificação UE-Mercosul

Argentina pede para não misturar questões ambientais e comerciais na ratificação UE-Mercosul

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O chanceler argentino, Jorge Faurie, exigiu nesta segunda-feira (16.09.2019) que questões ambientais e comerciais não sejam misturadas no processo de ratificação do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que criará, quando entrar em vigor, um mercado de 780 milhões de consumidores.

Em entrevista à Efe em Viena, onde participa da Conferência Geral da agência nuclear da ONU, o chanceler lembrou que o acordo final inclui todos os aspectos ambientais exigidos pela UE.

Em 28 de junho, a UE e o Mercosul finalizaram o acordo comercial após 20 anos de negociações, que ainda precisa ser ratificado para entrar em vigor.

O chefe da diplomacia argentina garantiu que o Mercosul adotou a posição ambiental da UE e que no acordo final "os aspectos ambientais estão claramente defendidos e protegidos".

No entanto, ele disse que uma certa "confusão" foi criada com a questão ambiental para colocar em questão os aspectos comerciais do tratado.

"Houve uma confusão que alguns países tentaram usar como uma espécie de 'chicana' (truque) no processo de negociação da parte comercial", explicou Faurie., embora sem mencionar nenhum Estado específico.

O presidente francês Emmanuel Macron disse no final de agosto que não assinaria o pacto com o Mercosul, por considerar que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro "mentiu" ao assumir compromissos sobre a "proteção da biodiversidade".

Faurie lembrou que os debates para proteger a Amazônia têm um marco específico, que é a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), cuja próxima edição será realizada em dezembro, no Chile.

De qualquer forma, o chefe da diplomacia argentina considerou que o acordo não corre perigo, dados os "enormes benefícios" que trará a todos os países envolvidos, incluindo a França.

"O acordo não está de forma alguma em perigo neste momento. “Estamos numa fase inicial, que é a de coesão legislativa”, acrescentou.

Faurie também indicou que a Argentina poderia facilitar o diálogo entre Brasil e França para ajudar a superar diferenças, já que Buenos Aires tem relações muito boas com ambos os países.

Ele disse que o Brasil tem uma política muito ativa de defesa do seu patrimônio ambiental, como demonstram iniciativas pioneiras como a Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992.

"Estamos lá para facilitar um diálogo para entender que o Brasil tem uma política ambiental que, além de algumas frases construídas, não esquece que todo o trabalho de proteção ambiental em escala global começou no Rio, em 1992", ressaltou.

O chanceler concluiu afirmando que possíveis compensações devem ser discutidas para aqueles países que limitam seu desenvolvimento a fim de preservar seu patrimônio ambiental em benefício da humanidade.

«Há uma questão implícita nisto que é uma questão a ser discutida: a preservação do patrimônio ambiental, que é benéfico para a humanidade; "Também será necessário que tenhamos compensações ou medidas para aqueles países que retêm aspectos de seu desenvolvimento para proteger o que todos precisam", disse ele.

Tanto o governo brasileiro quanto o Parlamento do Mercosul (Parlasul) acreditam que a França tem um interesse político que vai além de sua real preocupação com o que está acontecendo na Amazônia.

O presidente do Parlasul, o uruguaio Daniel Caggiani, criticou semanas atrás que a vontade de alguns países europeus de não assinar o acordo é um "truque" para impedir a aprovação do tratado.

O acesso do competitivo setor agrícola do Mercosul ao mercado europeu gerou protestos de agricultores de países como França, Irlanda e Itália.

Na América Latina, por outro lado, foi a indústria, como a automobilística, que protestou contra as consequências do livre comércio com a UE.

Fonte: Reuters

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